domingo, 30 de dezembro de 2012

you
healed my bruises
you
kissed my scars
and you
forgot to live
no escuro eu procuro teus sussurros
e escuto outros barulhos;
ouço o mar chiando longe
ouço o sol no horizonte
ouço tu, distante e perseguido
por meus versos ressequidos
mais uma vez, desiludido
eu volto a procurar
Christina

Coração tempestuoso;
seus olhos refletiam
o que sua boca escondia

Encontrei-a na fila de espera
de um mísero hospital
naquela tarde cálida de março

Acolhi aos meus braços
aquela sôfrega garota
que sofria de falta de ternura

Sentia-se muito grande,
braços, pernas
estômago, silhueta

Ingeria pesadelos no café,
desilusões no almoço e
calmantes no jantar

Morreu numa quinta-feira profunda,
sozinha em meus braços fracos,
ela foi ao encontro de um beijo amargo.

Suspirar e
arfar
um respiro de solidão

Ainda te ouço;
nas tábuas do assoalho
na pia vazando
que tu esqueceste de concertar

Eu pressiono minha boca contra meu joelho
diariamente
murmurando canções
com vogais violentas
soando e formando
água na boca


Para garotas que acham que existe algo de errado com a aparência do seu corpo.
Para as garotas que pensam antes de comer, como se calorias fossem medir sua auto-estima.
E, quanto menos comida tocar na sua boca,
maior é o valor que você ganha em outros lugares.

Para garotas que apertam suas barrigas, medindo-as nas calças
Se for um pedido de desculpa para o resto do mundo; por que estás se desculpando?
Suas mãos não foram feitas para isso,
suas mãos foram feitas para muito mais.
Foram feitas para criar, levantar, se diversificar
como a grande imaginação que lhe foi dada.

Esse texto é para cada garota que absorve cada palavra negativa
antes mesmo de ouvir uma positiva, e por isso,
quando é tarde de mais, o dano é irreversível.

Mas, escute:
uma recuperação, mesmo silenciosa, um pedido de desculpas para você mesma.
Nós valemos muito mais.

Acorde amanhã e se encare. Isso é o que lhe foi dado.
Não se esqueça do dom de um belo rosto, de um corpo
com curvas, ou sem curvas - tudo é digno.

Pense em você mesma com seus antigos olhos infantis
pergunte-se: o que eu quero, então?

Eu vou lhe dizer. Você tinha sonhos maiores,
sonhos que refletiam mais do que a metade dessa garota esfomeada.
Sempre dizendo, "nunca bom o suficiente"
mas você é boa,
e isso é uma recuperação silenciosa.

Para toda garota.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Cidade das Hortênsias

Construída por sílfides e destruída por quimeras,
a Cidade das Hortênsias cresceu por si só.
Ninguém regou suas belas
flores no árido verão;
Ninguém cuidou de suas esbeltas
construções no inverno chuvoso.

Preenchida por lendas, mistérios e
novos planetas,
a Cidade das Hortênsias se auto-iludiu.
Todos acreditavam nas suas fantasias,
todos viviam nas próprias ilusões.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Trim.
O som da máquina de escrever ecoou novamente.

Aqueles dias vagarosos passaram sem eu mal ter percebido. Coloquei o café na caneca e fiquei sentado datilografando até tudo ficar fosco novamente. Mais de uma semana sem dormir e estava me sentindo anestesiado. A dor, a alegria, a euforia. Tudo adormecido.

"(...) Tu sabes o quão complicado é viver nesse mundo com os dias lentos e fortes e sem resquícios do que eu já senti. Não sei abrir o meu pesado coração para quem não se compara à ti. Senta comigo na banheira novamente, vamos fumar um cigarro, ouvir disco na vitrola. Dança comigo, beija, entrelaça os dedos nos meus. Vamos voltar a sentar naqueles lugares charmosíssimos em que costumávamos. Não consigo mais sonhar enquanto durmo, então trapaceei o sono e fui sonhar acordado."

Depois de escrever, senti um tremor e uma falta de ternura dentro de mim. Coisas estranhas estavam acontecendo nesses últimos vinte e dois dias. Lembro-me de sentir uma pressão forte no lado direito da cabeça e ter uma sensação de dormência nos dedos dos pés. Sentia tremores nas mãos e falta de apetite.

Sempre que escrevia uma nova frase lembrava de histórias da minha infância. Eu sempre fui muito retraído. Não tinha amigos, não conhecia ninguém e nas raras ocasiões em que conversava, era com meus professores. Aprender sempre foi o meu foco. Não consigo me imaginar sem essa sede de conhecimento, acho que sempre esteve comigo. Hoje eu percebo que na infância meus dias eram mais compridos. O mundo que se parecia enorme agora diminuiu.

Escutei baterem forte na porta e ouvi um barulho, uma multidão de pessoas falando ao mesmo tempo. No olho mágico, não vi ninguém. Não dei mais bola pro barulho, e voltei a escrever.

domingo, 4 de novembro de 2012

aquele beijo ardido e lento como mel me fez pensar em todas as possibilidades de te descrever. não consigo mais falar dos teus olhos de ressaca mesmo nas raras vezes em que consigo te olhar. o ardor da tua boca não me diz mais palavras eloquentes e tuas mãos não gesticulam mais com tanta expressão. tantas redundâncias me deram espasmos. anestesiou as lamentações mais doloridas e entorpeceu minha boca com novas palavras. domesticou meus desejos e limitou os meus sonhos. corri para longe e me perdi em novas linhas.
o mar fora colorido por aquarela naquele dia formado por explosões de caleidoscópios. deixei de lado tudo o que costumava lembrar de ruim mesmo nos dias mais bonitos. sujei o corpo de tinta até chegar ao navio tão distante da terra. encontrei o capitão que me disse onde os meus sonhos estavam guardados. tirei o pó do livro antigo e achei todas as linhas preenchidas por letras do passado.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Escorre ardor
entre teus dedos longínquos
Barulho agudo do teu corpo
perto do meu
Rubor do teu rosto
quente, úmido
Sabor ácido da tua pele
resvala entre meus lábios

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Resplandece nesse céu escuro
Emaranhado de pontos brancos
Essa noite, criei uma ilusão
Acordei disposta a sonhar

domingo, 21 de outubro de 2012


Tu, monossílabo inquieto
Encosta em mim
Deixa-me plantar
Um amor
Nesse teu peito barulhento
Você, dissílabo distante
Procura em mim
Tua liberdade
Rosto pálido, limpo de impurezas
Coloca em mim
Tua vontade de ser feliz